O Mundo é um Moinho (1976)

Ney Matogrosso interpretando O Mundo é um Moinho de Cartola (1908-1980), o "trovador do samba"

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.


Manuel Bandeira

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

O silêncio

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade

5 Centimeters Per Second de Makoto Shinkai

One More Time, One More Chance

One More Time, One More Chance de Masayoshi Yamazaki faz parte da banda sonora do filme 5 Centimeters Per Second e é uma música muito bonita e viciante.

Sei que o homem lavava os cabelos como se fossem longos
Porque tinha uma mulher no pensamento
Sei que os lavava como se os contasse

Sei que os enxugava com a luz da mulher
Com os seus olhos muito claros voltados para o centro
Do amor, na operação poderosa
Do amor

Sei que cortava os cabelos para procurá-la
Sei que a mulher ia perdendo os vestidos cortados
Era um homem imaginado no coração da mulher que lavava
O cabelo no seu sangue

Na água corrente

Era um homem inclinado como o pescador nas margens para
[ouvir
E a mulher cantava para o homem respirar

Daniel Faria

A chuva de Sevilha : )

Não tem Sevilha a chuva triste:
mesmo se a chuva cai em cordas,
Sevilha guarda dentro o sol
como um canário na gaiola.
(...)
João Cabral de Melo Neto
Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram! O que eu sinto quando penso no passado que tive no tempo real, quando choro sobre o cadáver da vida da minha infância ida,... isso mesmo não atinge o fervor doloroso e trémulo com que choro sobre não serem reais as figuras humildes dos meus sonhos, as próprias figuras secundárias que me recordo de ter visto uma só vez, por acaso, na minha pseudovida, ao virar uma esquina da minha visionação, ao passar por um portão numa rua que subi e percorri por esse sonho fora.
Bernardo Soares (Fernando Pessoa), Livro do Desassossego

Moulin Rouge



Your Song

El Tango De Roxanne

As sem-razões do amor

© Robert Doisneau

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade
«O espírito crítico é o asseio da inteligência.» Marc Bloch

Where did my baby go

Where did my baby go, por John Legend

A saudade que a chuva traz...



Mariza interpretando a música Chuva (composição:Jorge Fernando)

Mar

© Hippolyte Flandrin

Nunca conseguiu viver longe do mar.
A sua adolescência ficara cheia de dunas e de camarinhas, de falésias e águias, de tempestades, de nomes de barcos e de peixes; de aves e de luz coalhada à roda duma ilha.
Conhecera a ansiedade daqueles que, ao entardecer, olham meio cegos a vastidão incendiada do oceano - e ninguém sabe se esperam alguma coisa, alguma revelação, ou se estão ali sentados, apenas, para morrer.
Aprendera, também, que o mar, aquele mar - tarde ou cedo - só existiria dentro de si: como uma dor afiada, como um vestígio qualquer a que nos agarramos para suportar a melancólica travessia do mundo.
Depois, partiu para longe. E durante anos recordou, em sonhos, o mar avistado pela última vez ao fundo das ruas. Procurou-o sempre por onde andou, obsessivamente - mas nunca chegou a encontrá-lo.
Certa noite de bruma fria, em Antuérpia, no "Zanzi-Bar", julgou ouvir o mar que perdera na voz dum jovem marinheiro grego. Mas não, o marulho que aquela voz derramava, junto à sua orelha, era de outro mar - fechado, calmo - propício aos amores inquietos e à lassidão embriagante do sol e do vinho.
Anos mais tarde, em Delos, haveria de reconhecer a voz do marinheiro no rebentar das ondas, em redor da ilha, como um eco: "onde te vi despir regresso agora / para adormecer ou chorar" e a noite caiu subitamente sobre ele, sobre a ilha e sobre o sonolento coração das leoas em pedra.
Uma outra vez, perto de Gibraltar, uma mulher idosa quis ler-lhe as linhas emaranhadas da mão. Já não se lembra o que lhe contou a mulher, acerca da vida e dos rumos da paixão. Recorda somente o que ela lhe disse ao separarem-se:
- Tens nos olhos a cor triste do mar que perdeste.
E passou bastante tempo antes que o homem voltasse ao seu país. Quando o fez, foi ao encontro do mar. Largou a cidade e os amigos, a casa, o conforto, a noite, o trabalho e tudo o mais. Viajou em direcção ao sul, com a certeza de que jamais encontraria o mar perdido, em lugar incerto, a meio da sua vida.
Sabia agora que nenhum mar existia fora do seu corpo, e que tinha sido na perda irremediável de um mar que adquirira um outro onde, por noites de inquietante insónia, podia encontrar-se consigo mesmo e envelhecer sem sobressaltos; afastado da vã alegria dos homens e da pobreza do mundo.
Ao chegar junto do mar sentou-se no cimo da duna, como dantes, e esperou.
Esperou que o mar guardado no fundo de si transbordasse, e fosse ao encontro daquele que perdera e se espraiava agora à sua frente.
Ainda hoje permanece sentado, no mesmo lugar - esperando o instante em que os dois mares se dissiparão um no outro, para sempre.

Está cansado da guerra com as palavras e do veneno dos homens, tem os olhos queimados pelo sal. Os dedos adquiriram a rugosidade da areia e dos rochedos; da sua boca solta-se um marulhar surdo, muito antigo, que os dias e a solidão arrastam devagar para a luminosa euforia das águas.


Al Berto, in O Anjo Mudo

Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti

© Nikolay Nikolayevich Gay


Quando eu morrer, não digas a ninguém que foi por ti.
Cobre o meu corpo frio com um desses lençóis
que alagámos de beijos quando eram outras horas
nos relógios do mundo e não havia ainda quem soubesse
de nós; e leva-o depois para junto do mar, onde possa
ser apenas mais um poema - como esses que eu escrevia
assim que a madrugada se encostava aos vidros e eu
tinha medo de me deitar só com a tua sombra. Deixa

que nos meus braços pousem então as aves (que, como eu,
trazem entre as penas a saudades de um verão carregado
de paixões). E planta à minha volta uma fiada de rosas
brancas que chamem pelas abelhas, e um cordão de árvores
que perfurem a noite - porque a morte deve ser clara
como o sal na bainha das ondas, e a cegueira sempre
me assustou (e eu já ceguei de amor, mas não contes
a ninguém que foi por ti). Quando eu morrer, deixa-me

a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem
toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me
que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos
como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois
os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar
para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando
na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas
que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol,
ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor.

Maria do Rosário Pedreira

Homens que são como lugares mal situados

© Sebastião Salgado

Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem

Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas

Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas

Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar

Daniel Faria

Os teus lábios...

Os teus lábios parados eram a noite, o abismo
e o silêncio das ondas paradas de encontro ás
rochas. O teu rosto dentro das minhas mãos.
Os meus dedos sobre os teus lábios e a ternura,
como o horizonte, debaixo dos meus dedos.
Os meus lábios a aproximarem-se dos teus lábios.
Os teus olhos entreabertos, os teus olhos e os
teus lábios a aproximarem-se dos meus lábios
a aproximarem-se dos teus lábios a aproximarem-se
dos meus lábios, teus lábios.
José Luís Peixoto

Hey There Delilah

Plain White T's - Hey There Delilah

Os Amores de Astrea e Celadon

Adaptação de uma obra do século XVII de Honoré d`Urfé, Os Amores de Astrea e de Celadon é um filme de Eric Rohmer. Um filme com um cenário bucólico, em que a palavra assume um papel principal.

Pele

Pele
Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele.

David Mourão-Ferreira

Eu preciso dizer que te amo

"Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto"

Você não me ensinou a te esquecer

Você não me ensinou a te esquecer (1979), tema do filme Lisbela e o prisioneiro (2003), de Guel Arraes, é uma música de Fernando Mendes que ficou famosa na voz de Caetano Veloso. Mais do que um projeto musical, é um projeto de vida quebrar, à minha maneira, a estrutura social e econômica do Brasil. Gravar esses compositores sempre foi para mim um forma de gritar contra o apartheid social brasileiro afirma Caetano ao referir-se ao facto de gravar compositores desprezados pelo público culto. É o que acontece também com Fernando Mendes, compositor de clássicos bregas. Em relação a esta designação de brega para definir o tipo de música que faz, Fernando Mendes responde dizendo que Brega é o nome que o invejoso dá ao vitorioso. Este tipo de designação incomoda Caetano que procura que se ultrapasse o preconceito com a música popular: Não aceito, nem nunca aceitei, essa divisão que querem impor à música brasileira entre a canção popular e a música de boa qualidade da MPB.

"Que faço eu da vida sem você
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer"

Fonte: http://www.fernandomendes.com/materias/oglobo.html

Sampa (1978) de Caetano Veloso


Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.

Cartier-Bresson (1908-2204) : "o olho do século"

Sidewalk Cafe, Boulevard Diderot, Paris, 1969 por Henri Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson, que captou boa parte da história do século XX através da sua máquina fotográfica (uma Leica), defendia que era preciso esperar pelo “momento decisivo” para fazer a fotografia perfeita. E este momento era “quando a cabeça, o olho e o coração estivessem alinhados”.

O primeiro cartão de Natal

Em 1843, ano da publicação do livro Um Conto de Natal de Dickens, foi publicado o primeiro cartão de Natal. O cartão foi desenhado por John Calcott Horsley a pedido de Henry Cole e impresso em litografia e colorido à mão. O postal representa uma família vitoriana rica durante a sua ceia de Natal e o seu brinde ao espectador. De cada um dos lados encontram-se pequenas vinhetas que representam os menos afortunados. No fundo do postal encontra-se impresso: «Publicado na Repartição da Casa do Tesouro de Summerly, Old Bond Street, London». Foram impressos mil cartões e o verso do cartão vinha em branco.

Fonte:
WILLOUGHBY, Martin - História do Bilhete-Postal. Caminho: Lisboa, 1993.

Eu te amo (1980)

A música Eu te amo foi composta em parceria com Tom Jobim, que fez a música, e a letra da música é uma das mais bonitas de Chico de Buarque.
"A temática do relacionamento amoroso revela aqui um eu conflitado, consciente da perda da individualidade diante do amor como um processo de continuidade do ser humano . O amor é tomado em seu sentido de comunhão entre os seres, o que implica a intemporalidade ("perdemos a noção da hora") e a angústia diante da ameaça da descontinuidade, da separação entre dois seres que se tornaram um só ("Me conta agora como hei de partir"). " (in Fontes, Maria Helena Sansão - Sem fantasia - Masculino e feminino em Chico Buarque Editora Graphia, 1999)
O vídeo publicado é um dueto entre Chico Buarque e Telma Costa, com Tom Jobim ao piano.

"Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir"

O que será (1976)

A canção "O Que Será" foi feita para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, e tem três versões, que marcam passagens diferentes da trama: "Abertura", "À Flor da Pele" e "À Flor da Terra".
Em 1992, Chico Buarque declarou ao Jornal do Brasil sobre a música: "acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar...".

O que será (Flor da Pele)- Chico Buarque em dueto com Milton Nascimento

Futuros amantes (1993)

"Futuros amantes quiça, /Se amarão sem saber/ Com o amor que eu um dia/Deixei pra você"

Jardim interior

Todos os jardins deviam ser fechados
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem passa por eles indiferente.

Mario Quintana

Olho-te e não me vês...

Olho-te e não me vês. A primavera vigia
a floração das malvas e o girassol retribui
os favores da luz. Eu sento-me onde acho

que vai estar a tua sombra. E, como a dor
que persegue a ferida, vejo-te quando passas,
mas vejo-te melhor quando não passas. Tu

não me vês; caminhas na geometria vã de
uma linha sem pontos; às vezes parece que
alguma coisa te detém e viras-te - talvez
então me chames dentro de ti, talvez até
me olhes. Mas não me vês.

Maria do Rosário Pedreira, in Nenhum Nome Depois

Dastardly e Muttley


Dick Dastardly e Muttley, famoso pela sua inconfundível risada, apareceram pela primeira vez na série de desenhos animados A Corrida Mais Louca do Mundo (Wacky Races). Estes desenhos, de 34 episódios, foram produzidos pela Hanna-Barbera, entre 1968 e 1970. Na série, que girava à volta de um conjunto de competidores que tentavam alcançar o título mundial de "O Corredor Mais Louco do Mundo", a dupla Dick Dastardly e Muttley conduzia a Máquina Malvada e tentava vencer as competições fazendo uso de batotas que nunca chegavam a ter êxito. Apenas conseguiram vencer uma corrida, a da Cidade Fantasma, mas acabaram por ser desclassificados. Devido ao sucesso que alcançaram, surgiu, mais tarde, a série Dastardly and Muttley in the Flying Machines. Estes desenhos animados retratavam as aventuras de Dick Dastardly e da sua esquadrilha na caça ao pombo-correio que levava mensagens secretas da resistência para os aliados durante a I Guerra Mundial. De salientar que esta caça era feita a bordo das mais estranhas máquinas voadoras, que construíam para tal efeito. A parte disto, Muttley teve direito a papel de protagonista na série Magnificent Muttley, onde sonhava encarnar vários papéis e onde deixava ficar mal Dastardly. Mas Muttley acabava sempre por ser acordado do seu sonho por Dastardly.

Ligações:
In the mood for love, de Wong Kar-Wai

«Ele recorda esses anos perdidos como se olhasse através de uma janela empoeirada. O passado era algo que ele podia ver, mas não tocar. E tudo o que vê está turvo e indistinto.»

2046, de Wong Kar-Wai

«—Certa vez, apaixonei-me por uma pessoa. Depois de algum tempo, ela desapareceu. Fui para 2046. Pensei que ela pudesse lá estar à minha espera. Mas não consegui encontrá-la. Passo o tempo a perguntar-me se ela me amaria ou não. Mas nunca cheguei a descobrir. Talvez a sua resposta...fosse como um segredo que nunca ninguém desvendará.»

«Todas as recordações são rastos de lágrimas»

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