As sem-razões do amor

© Robert Doisneau

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

Anónimo disse...

As sem-razões do amor...e o amor, não tem uma razão? Terá sempre uma razão? Porque existe amor? Perguntas estas que vêm no seguimento de um poema muito bonito. Escolhido por uma pessoa muito, muito, mais bonita. :-)

Manuel Gonçalves

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