Olho-te e não me vês...

Olho-te e não me vês. A primavera vigia
a floração das malvas e o girassol retribui
os favores da luz. Eu sento-me onde acho

que vai estar a tua sombra. E, como a dor
que persegue a ferida, vejo-te quando passas,
mas vejo-te melhor quando não passas. Tu

não me vês; caminhas na geometria vã de
uma linha sem pontos; às vezes parece que
alguma coisa te detém e viras-te - talvez
então me chames dentro de ti, talvez até
me olhes. Mas não me vês.

Maria do Rosário Pedreira, in Nenhum Nome Depois

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