A vez de Berlim...

Nunca me aborreço numa biblioteca. Quer dizer, posso aborrecer-me quando estou presa em leituras obrigatórias (que espécie me fazem as leituras acompanhadas de obrigação). O facto é que os meus olhos fogem sempre delas e escolhem, por sua livre vontade, em que livro parar. Na semana passada, pararam num livro que trouxe uma cidade com ele. É um dos livros da colecção Memórias, dirigida por Henry Dougier. A editora é a Terramar. Cada livro da colecção é dedicado a uma cidade com memórias marcantes. Lisboa, Sevilha, Londres, Toledo e Berlim são exemplos das cidades já tratadas. Eu parei em Berlim. Eu recuei ao período 1919 e 1933 . O título do livro é "Berlim, 1919-1933: Gigantismo, crise social e vanguarda: a extrema encarnação da modernidade". Paro em Berlim no momento em que o regime imperial desaba e a República Weimar se constitui. Uma república tantas vezes apelidada de república sem republicanos. Mas uma república que deixa algo claro: o Estado é Berlim. A cidade, sem dúvida, continua a destacar-se. Nos anos 20, a população passa para 4 milhões (1 milhão dos quais são operários) e, em extensão, torna-se a cidade mais vasta do mundo. Em termos de comunicações, conta com uma rede imensa. É uma cidade marcadamente industrial e invadida pela técnica. Mas este "gigantismo" a ela associado não é capaz de camuflar totalmente tudo o resto, o submundo de Berlim. A inflação, desemprego e lutas sociais são uma realidade. Estes anos em que vou permanecer, enquanto durar a leitura, são, certamente, intensos a nível político mas também de uma grande inovação artística. Que importantes são para compreendermos tudo o que se passa imediatamente a seguir (estes anos que mudaram o mundo). Prosseguirei na minha estadia, com vista a um mais completo entendimento da nossa História contemporânea. É crucial , sem dúvida, perceber o que se passou em Berlim ao longo do século XX para entendermos o mundo de hoje. Agora, vou voltar para Berlim...

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