Onde quer que o encontres



Onde quer que o encontres -
escrito, rasgado ou desenhado:
na areia, no papel, na casca de
uma árvore, na pele de um muro,
no ar que atravessar de repente
a tua voz, na terra apodrecida
sobre o meu corpo - é teu,

para sempre, o meu nome.


Maria do Rosário Pedreira, in Nenhum Nome Depois

Desaprendendo...

Conquista

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!


Miguel Torga

Luz e cor

Gosto das cores de Aveiro e detesto máquinas sem bateria em dias como o de hoje, em que a luz da cidade exige que se fotografe. Detesto também museus fechados, ainda por cima quando se trata de um dedicado à Arte Nova. Mas o que vale é que a cidade nunca fecha e sempre se vão vislumbrando pormenores que me fazem lembrar esta época de grande esplendor estético.

E depois há sempre a ria ao fim do dia, a igreja em que os azulejos ficam perfeitos e caras coloridas que ancoram um poema.






Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é.

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.


Fernando Pessoa

Mosteiro de Pombeiro, Felgueiras



Queria ter a posição dos claustros
A posição do monge antigo que os varre
A posição do moribundo que pergunta as horas
A posição das árvores quando as crianças sobem
A posição dos ramos quando os ninhos nascem
A posição de alguém que já não mora. Queria
Como se tivesse
A posição da casa e alguém me visitasse


Daniel Faria, in Dos Líquidos

Ishbel de Ysolda + Malabrigo Lace Emerald


= knit

Viragem

Numa das últimas fotos de 2010, um céu com três modelos muito atentos : )

E no primeiro dia de 2011, um céu ramificado de desejos : )

O primeiro do ano

You are what you love. Not what loves you.

Em destaque

O blog continua em outro endereço

https://primicias.wordpress.com/