O melhor da Cerveira medieval.
Imagens de uma pausa muito saborosa : )
O vale era verde (1941)
Depois de As Vinhas da Ira (1940), vi hoje mais um grande filme de John Ford. Em As Vinhas da Ira, estão em destaque as alterações económicas e o modo como estas abalaram as camadas sociais mais desfavorecidas e as atiraram para o desemprego. Camadas que passaram a enfrentar uma realidade em que a escassez de emprego levava a uma exploração desumana por parte de quem tinha o poder. Em O Vale era Verde esta realidade também esta subjacente mas não é tão marcada, existindo uma maior amplitude de temas abordados. Os dois fazem-me deixar o cinema da actualidade, que em grande parte é desprovido de tudo aquilo que torna o cinema tão especial para mim, e buscar os tesouros do cinema mais antigo. E, apesar de ambos serem da década de 40 do século passado, não podiam ser mais actuais. La Meglio Gioventu
É tão bom encontrar filmes como este. São seis horas de bom cinema que passam sem se notar. A vida de uma família, centrada na de dois irmãos, Nicola e Matteo, que apresenta como pano de fundo a história de Itália, desde 1966 a 2003. Uma viagem pela Itália, pela sua história e por tantas histórias mais que se ligam de uma forma fantástica.
(Durante uma viagem à Noruega, durante a sua juventude, Nicola envia um postal a um amigo dizendo "Tudo é belo! ". Muitos anos mais tarde, o amigo pergunta-lhe se continua a acreditar em tal afirmação. Nicola respondeu-lhe que já não acredita é em pontos de exclamação. Eu também nunca acreditei neste sinal, sempre acreditei muito mais nas reticências. E nesta afirmação em particular, há que colocar reticências, muitas reticências.)
(Tenho que aprender italiano, é uma língua linda.)
(E hei-de ir a Itália : )
Oldboy
15 anos preso e 5 dias para descobrir quem o fez e porquê . Um dos melhores thrillers psicológicos que já vi. Do realizador coreano Chan-wook Park, baseia-se numa manga japonesa de Garon Tsuchiya.
Sempre este poema, em qualquer lugar e tempo
Não é que ser possível ser feliz acabe,
quando se aprende a sê-lo com bem pouco.
Ou que não mais saibamos repetir o gesto
que mais prazer nos dá, ou que daria
a outrem um prazer irresistível. Não:
o tempo nos afina e nos apura:
faríamos o gesto com infinda ciência.
Não é que passem as pessoas, quando
o nosso pouco é feito da passagem delas.
Nem é tanto que ao jovem seja dado
o que a mais velhos se recusa. Não.
É que os lugares acabam. Ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razão nenhuma.
É que as maneiras, modos, circunstâncias
mudam. Desertas ficam praias que brilhavam
não de água ou sol mas solta juventude.
As ruas rasgam casas onde leitos
já frios e lavados não rangiam mais.
E portas encostadas só se abrem sobre
a treva que nenhuma sombra aquece.
O modo como tínhamos ou víamos,
em que com tempo o gesto sempre o mesmo
faríamos com ciência refinada e sábia
(o mesmo gesto que seria útil,
se o modo e a circunstância permitissem),
tornou-se sem sentido e sem lugar.
Aonde e como? Aonde e como? Quando?
Em que praias, que ruas, casas e quais leitos,
a que horas do dia ou da noite não sei.
Apenas sei que as circunstâncias mudam
e que os lugares acabam. E que a gente
não volta ou não repete, e sem razão, o que
só por acaso era a razão dos outros.
Se do que vi ou tive uma saudade sinto,
feita de raiva e do vazio gélido,
não é saudade, não. Mas muito apenas
o horror de não saber como se sabe agora
o mesmo que aprendi. E a solidão
de tudo ser igual doutra maneira.
E o medo de que a vida seja isto:
um hábito quebrado que se não reata,
senão noutros lugares que não conheço.
Jorge de Sena
Pela terceira vez, com o mesmo prazer de sempre e, desta vez, a projectar um mapa
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Sou a sombra da opressão, um grito colado à parede. Sonho ser a sombra de um pássaro quando se liberta de uma gaiola. Ser aquele que lhe dup...